27 de janeiro de 2009

O porquê de não denunciarmos estes casos!


Existem muitas razões para a mulher agredida ficar na relação. No entanto, gostar de ser abusada não é uma delas. Muitas mulheres ficam porque são emocionalmente dependentes dos seus agressores, ou não têm trabalho, dinheiro, e nem um lugar para onde possam ir. Elas podem ficar embaraçadas ao admitir que têm sido espancadas, ou que têm problemas na relação. Algumas ficam por questões religiosas, ou por ele ser o pai das crianças, outras amam os seus companheiros ou sentem que eles não podem viver sem elas. Diante disso, é um verdadeiro milagre que tantas vítimas consigam sair e ficar sem a agressão como parte de suas vidas Por exemplo: a polícia muitas vezes - em alguns países - recusa responder aos casos de violência doméstica, ou intervir no que considera “algo privado”.

A lei reforça quase sempre esta tendência ao requerer, por exemplo, a um dos parceiros que deixe temporariamente a casa, até que as coisas se acalmem, deixando a mulher vulnerável à violência. A própria sociedade muitas vezes espera que a vítima denuncie o espancamento como crime. Eles esperam que a mulher pare a violência, e repetidamente analisam as suas motivações para não deixar o agressor, ao invés de se perguntar porque é que o agressor continua a agredi-la, e porque é que a comunidade permite que isso continue. Quando a mulher o abandona ou tenta fazê-lo, o agressor aumenta drasticamente a sua violência, porque é necessário para ele reafirmar o controlo e autoridade.

Não basta culpar, por exemplo, o excesso de drogas e álcool. Os agressores usam o álcool e as drogas como justificativa, e como uma maneira de pôr a responsabilidade pela sua violência em algo exterior a eles. É verdade que existe uma correlação de mais de 50% entre o consumo excessivo destas substâncias e violência doméstica, mas não uma relação causal. Parar com a bebida ou as drogas não vai parar com a violência. Algumas vezes a vítima também bebe álcool e consome drogas (incluindo as utilizadas sob prescrição médica) como um modo inconsciente de cooperar com a violência na sua relação. O companheiro costuma alegar que bate nela por esta viver bêbada ou “alta”, e que queria “dar-lhe uma lição”. O tratamento do uso destas substâncias somente será útil para a vítima quando ela estiver a salvo e não correr mais o risco de ser agredida.

Além da agressão física, a violência sexual também é recorrente dentro de casa. Em torno de 60%, e provavelmente todas as mulheres que sofrem agressão física, são também sexualmente abusadas pelos companheiros. Este abuso inclui o sexo forçado em frente às crianças, o sexo feito com animais e o sexo feito em grupo e ligado à prostituição. De modo algum o violador é sempre um completo estranho. Em torno de 70% dos agressores abusam também dos filhos, fisicamente ou sexualmente. As crianças sofrem por presenciar ao seu pai batendo na sua mãe. Os agressores não são quase sempre bons pais, que devem dividir a custódia de seus filhos. As mulheres que sofrem agressão têm profunda convicção de que podem sofrer uma agressão mais severa ou mesmo ser mortas, caso tentem abandonar a relação com o agressor. Agressores deixam deliberadamente as suas parceiras isoladas, e impedem-nas de trabalhar, de terem oportunidade de educação e hipóteses profissionais. Isto combinado com as desigualdades de oportunidades para homens e mulheres e com a falta de suporte para cuidar dos filhos pequenos, torna excruciante a decisão de sair. Não é, de modo algum, algo simples a saída da mulher de sua casa. Por isso é que devemos sempre tentar ajudar estas pessoas!


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